CURIOSIDADES DE ROBERTO CARLOS
- Eu e Roberto Carlos.
Roberto Carlos em Cordel
A vida, a carreira, o mito
(décimas de setessílabos)
Autor: Daniel Bueno
Roberto Carlos, seu nome
Unanimemente escolhido
Para ficar conhecido
Com Braga no sobrenome
Não chegou a passar fome
Embora fosse modesto
Era o pai um homem honesto
A mãe uma lutadora
Na costura, uma doutora,
Compreensiva no gesto
No ano quarenta e sete
Em vinte e nove de junho
O povo deu testemunho
Do acidente de um pivete
Logo se tornou manchete
Em quase toda a cidade
Com seis anos de idade
Zunguinha perdeu a perna
Houve comoção fraterna
Lamento e perplexidade
E quando fez nove anos
Estreou como cantor
Desistiu de ser doutor
Como estava nos seus planos
Firme como os arianos
Foi à Rádio Cachoeiro
Cantou feito um seresteiro
E venceu como calouro
Era um menino de ouro
Que já ganhava dinheiro
Entrou no Conservatório
De Música de Cachoeiro
Arriscou ser violeiro
Foi pianista simplório
Mas foi pelo repertório
Que conquistou a plateia
Aplaudido na estreia
Virou garoto afamado
E por Deus recompensado
Começou sua odisseia
Cachoeiro era pequeno
Para o seu grande talento
Por isso seu pensamento
Era longínquo e mais pleno
Calculou bem o terreno
E foi embora pro Rio
Na partida, um calafrio
Lhe correu pela espinha
O trem seguia na linha
Transportando um Desafio
Um desafio obscuro
Era o Rio de Janeiro
Pra quem era aventureiro
Eita lugar inseguro!
Roberto ainda tão puro
Enfrentou a malandragem
Mas tomado de coragem
Procurou a sua chance
Mas só lhe veio de alcance
Um pouco de aprendizagem
Roberto volta a estudar
Pra garantir o futuro
Era um tempo muito duro
Sem chances de trabalhar
Até pensou em voltar
Pra sua terra natal
Mas ficou na capital
Como prevendo o destino
Acreditou no Divino
E no seu dom musical
Foi Carlos Imperial
Que o levou à TV
Disse: “Gostei de você!
Um conterrâneo legal
Canta rock original
E tem a voz afinada
No meio dessa moçada
É o Elvis Brasileiro
Também sou de Cachoeiro
Vou topar essa empreitada!”
Com Tim Maia ele formou
O seu grupo musical
Por ser temperamental
O crioulão se mandou
Roberto então se tornou
Um cantor independente
E embora inexperiente
Ingressou na bossa-nova
Só que não passou na prova
Daquele ritmo exigente
Cantou na boate Plaza
Durante quase dez meses
Agradava algumas vezes
Mas ali não criou asa
Só sei que o futuro “brasa”
Desistiu daquele som
Descobriu que o seu tom
Era mesmo o ritmo quente
Esse sim, mais coerente
Com seu verdadeiro dom
O tom que era de Jobim
Foi ficando para trás
O que Roberto, aliás,
Fez bem decidindo assim
Chegou o momento enfim
Da primeira gravação
Imperial deu a mão
E compôs “João e Maria”
Que Roberto gravaria
Sem qualquer repercussão
Com apenas 22 anos
E morando em Niterói
O capixaba constrói
O seu castelo de planos
Mas com tantos desenganos
Quase que perde a esperança
Porém vestiu confiança
Da cabeça até os pés
Quando fez de “Splish splash”
A sua grande mudança
Com “Parei na contramão”
Vira ídolo nacional
Nos rádios ele é o tal
Em toda a programação
E até na televisão
É muito solicitado
Também é requisitado
Pra ser capa de revista
Vira o primeiro da lista
De “cantor mais adorado”
Sessenta e quatro é o ano
Em que gravou “Calhambeque”
Sucesso que abriu o leque
Das previsões de “ariano”
Deixa de ser mediano
Para ser sensacional
Vai cantar em Portugal
Onde é bastante aplaudido
Passa a ser reconhecido
Cantor internacional
“É proibido fumar”
Também faz muito sucesso
É evidente o progresso
Em todo canto e lugar
Vira ídolo popular
E é sempre eleito o melhor
Mas para ser o maior
Ele fez por merecer
Pois pra na vida vencer
Derramou lágrima e suor
Sessenta e cinco aparece
Pra ser um ano importante
Pois de tudo a todo instante
Na sua vida acontece
De prestígio se abastece
Pra durar por toda a vida
E foi então quer a ferida
Pra sempre cicatrizou
Roberto ali começou
Sua infindável subida
Em agosto estreou
O programa Jovem Guarda
Um projeto de vanguarda
Que a Record implementou
O iê-iê-iê emplacou
De norte a sul do país
E o povo pedia bis
Para ouvir “Nossa Canção”
Mesmo sofrendo a nação
No governo dos fuzis
Continuando a história
De Roberto Carlos Braga
Sua vida, sua saga
Seus belos dias de glória
Me chegam então à memória
Dele em ritmo de aventura
Fazendo muita loucura
No Morro do Corcovado
Um ídolo já consagrado
No tempo da Ditadura
Maio de sessenta e oito
Com Cleonice se casa
O rei corta a própria asa
Pra deixar de ser afoito
Pois pra molhar o biscoito
Agora tem compromisso
Vira homem submisso
Do ciúme da mulher
Mas se é isso que ele quer
O fã não quer saber disso
Nesse ano triunfal
Roberto brilha em San Remo
Com seu talento supremo
O rei vence o festival
Numa exibição vital
Conquista os italianos
Franceses e lusitanos
Também veneram Roberto
O mundo está boquiaberto
Com o rei sul-americano
Nasce o filho Segundinho
Perto de 69
Todo mundo se comove
Com seu destino mesquinho
Ele nasce doentinho
Com problema na visão
Viaja de avião
Pra se tratar na Holanda
E até mesmo na umbanda
O pai buscou solução
Nice já tinha uma filha
Quando casou com Roberto
Pensando nisso por certo
Gerou outra maravilha
Para constar na planilha
De uma família “real”
E foi de parto normal
Que Luciana nasceu
Ana Paula agradeceu
O presente fraternal
Veio o ano de setenta
E ele grava “Jesus Cristo”
Pela igreja ele é bem-visto
E a sua fé mais aumenta
Já pertinho dos quarenta
Faz bem pensar no Senhor
O verdadeiro Gestor
Da carreira do artista
Aquele que é maquinista
No trem da vida e do amor
Para o rei não há fronteira
Em toda a América Latina
Pois conduz com disciplina
Sua brilhante carreira
Não é nuvem passageira
Nem é um cantor fugaz
É um artista capaz
De conquistar todo o mundo
Pelo seu saber profundo
De cantar o amor e a paz
Ele agradece ao Senhor
No sucesso da “Montanha”
Roberto prega a campanha
De gratidão e de amor
O rei se torna o mentor
Das mensagens de otimismo
Para tirar do abismo
Quem perdeu a esperança
Canta com fé e confiança
No Santo Poder Divino
Seu cantar é um belo hino
De harmonia e bonança
Setenta e quatro é o ano
Do primeiro Especial
Que na época do Natal
É programa soberano
A Globo tem no seu plano
Roberto como “exclusivo”
É um meio decisivo
De torná-lo grande mito
Um ídolo de gabarito
Artista definitivo
É quando ele grava “O portão”
“Resumo” e “Eu quero apenas”
Nas canções, jogo de cenas
Que lhe vêm na inspiração
Benito manda a canção
“Quero ver você de perto”
Que na voz do rei Roberto
É um sucesso instantâneo
Benito é contemporâneo
Compositor muito esperto
Gravado no exterior
Num estúdio sofisticado
O disco mais aguardado
De qualidade, um primor
Gringo é arranjador
De harmonias divinais
Porém Roberto quer mais
Do que a vida já lhe deu
Não lhe basta o apogeu
Das conquistas colossais
Homem e rico e realizado
Vai “além do horizonte”
Pois ali existe a fonte
Que o faz abençoado
O artista mais amado
Do seu imenso país
Conquistou tudo o que quis
E sempre quis muito mais
Trabalhar nunca é demais
Essa é sua diretriz
Setenta e seis, que LP!
Roberto grava “O Progresso”
É mais um grande sucesso
E o Brasil sabe por quê
Ele canta na TV
E no rádio “Seus botões”
Para arrasar corações
Canta “A menina e o poeta”
Cumpre assim a sua meta
De arquiteto das canções
Quando vem setenta e sete
Ele grava “Cavalgada”
O casal de madrugada
Ouve “Outra vez”, se derrete
Roberto vira manchete
No programa de Natal
Canta no Especial
Para Erasmo, seu “Amigo”
Companheiro mais antigo
Parceiro fundamental
Setenta e oito é importante
Um ano demais até
Cantando com amor e “Fé”
O rei está mais confiante
Porém, um pouco adiante
Vai se separar de Nice
Já cansados da chatice
Que o casamento lhes traz
Os dois preferem a paz
A prosseguir na mesmice
“Desabafo” é o sucesso
Do ano setenta e nove
Roberto afinal resolve
Iniciar um processo
Na verdade, o seu ingresso
No mercado americano
Dentro de mais um ano
Sai o seu disco em inglês
Que por falta de freguês
Não passou de um ledo engano
Chega a “Guerra dos Meninos”
Em homenagem à criança
Com Roberto a Globo lança
Projeto belo e divino
No programa natalino
Pra defender os direitos
E diminuir preconceitos
Da infância abandonada
Que vive ao léu e largada
Como bandidos suspeitos
“Emoções” em oitenta e um
É o seu maior sucesso
Não existe retrocesso
Nessa carreira incomum
No Brasil não tem nenhum
Cantor com tanto cartaz
O Rei Roberto é vivaz
Nesse honroso e belo ofício
É assim desde o início
Com persistência tenaz
E desse dia em diante
Roberto e Erasmo fizeram
Tudo que os fãs esperam
Dessa dupla tão brilhante
Um barco sem comandante
Mas que sabe seu destino
Com seu lema genuíno
De só cantar o amor
Nosso rei é um pescador
Guiado pelo Divino
Dizem que é supersticioso
Que marrom ele não usa
Mas que do azul ele abusa
Por achá-lo venturoso
Mas seu dom mais valioso
E que a todos satisfaz
Foi sempre ser bom rapaz
Desde os tempos de menino
Quando Deus deu-lhe o destino
De artista altivo e primaz
Vendeu mais de 100 milhões
De discos em todo o mundo
Seu pensamento fecundo
Fez centenas de canções
Todas feitas de emoções
Vividas pelo cantor
E Erasmo, o coautor
De uma obra iluminada
Parceria abençoada
Pelas mãos do Criador
Foram tantos os amores
Desse amante à moda antiga
Fafá foi mais que uma amiga
Pra mulatas mandou flores
Fez amor nos bastidores
Com moças apaixonadas
No elevador, nas escadas
Todas queriam Roberto
Ele era o homem certo
Para fãs enamoradas
Magda Fonseca, a primeira
Namorada de Roberto
Conheceu o rei de perto
Ainda na fase roqueira
Mas foi cair na besteira
De obedecer a seus pais
Foi s’imbora pra jamais
Saber do seu namorado
Roberto decepcionado
Dela não quis saber mais
Wanderléa confessou
Que namorou seu colega
Mas foi somente um “esfrega”
Coisa que logo passou
Martinha se apaixonou
Mas Roberto caiu fora
Pois naquela mesma hora
O seu amigo Dedé
Por ela ficou lelé
E virou “uma brasa, mora!”
O casamento com Nice
Além das recordações
Rendeu filhos e canções
De amor grande e cafonice
Luciana com meiguice
Trouxe alegria ao casal
Depois da dor crucial
Com os olhos de Segundinho
Foram anos de carinho
Até o fim conjugal
Depois veio Miriam Rios
Atriz tão jovem e tão bela
Roberto diante dela
Lhe cobriu de elogios
Ela sentiu arrepios
Pois do cantor era fã
E com pinta de galã
E doutor em sedução
O rei foi dela a paixão
E ela, o seu talismã
Mas depois de 11 anos
De amor e de paixão
Ela toma a decisão
De modificar seus planos
Por “pensamentos insanos”
Como depois descreveu
Separar-se resolveu
E abandonou o marido
Deixou o rei abatido
Na pequenez de um plebeu
A companheira a seguir
Ele conheceu menina
Veio ser a proteína
De um poderoso elixir
Fez a paixão ressurgir
No coração de Roberto
Fez o rei ficar bem perto
Da eterna felicidade
Mas a tal fatalidade
Deixou o céu encoberto
Maria Rita Simões
Foi ela a mais importante
Talvez a mais cativante
Musa de suas canções
Rainhas das emoções
Sentidas pelo cantor
Que fez dela o seu amor
Sem limites pra sonhar
Com ela, lindo luar
Sem ela, trevas e dor
Um dia o destino quis
Antes do tempo previsto
Que por causa de um cisto
Chegasse a morte infeliz
O implacável juiz
Da sentença derradeira
Levou sua companheira
Levou também seu sorriso
Ela, lá no paraíso
Ele, aqui na gemedeira
Ainda hoje ele sente
A cruel fatalidade
Não deixa de ter saudade
Sua dor é transparente
Em todo show é frequente
Lembrar de Maria Rita
Sua musa favorita
Faz parte da sua vida
Se foi triste a despedida
Sua lembrança é bonita
Apresento agora a lista
Das pessoas importantes
Influentes e marcantes
Na vida do nosso artista
Pra começo, o maquinista
Chamado Walter Sabino
Também vítima do destino
No dia do acidente
Que deixou deficiente
Roberto ainda menino
Renato Castro, o bancário
O garoto socorreu
Doutor Romildo atendeu
No instante necessário
Diante de tal cenário
Zunga manteve o brio
Seu primeiro desafio
Seria logo vencido
Ele estava decidido
A lutar com sangue-frio
Ana e Joaquim Moreira
Eram seus avós maternos
José e maria, paternos
Professor, José Nogueira
Que lhe ensinou a maneira
De tocar bem violão
Lauro Roberto, o irmão
Carlos e Norma, também
Que dona Laura mantém
Presos no coração
Na Rádio de Cachoeiro
Locutor Jair Teixeira
Sirlene Penha Oliveira
Essa, seu amor primeiro
Mas foi Genaro Ribeiro
Colega de profissão
Que lhe a gravação
Do seu primeiro acetato
Tirando do anonimato
Quem lhe tinha dado a mão
Seus olhos ainda têm
Profunda melancolia
Do mesmo Zunga que um dia
Saiu de casa num trem
Planejando ser alguém
Ser um artista famoso
Partiu pro Rio ansioso
Confiando em seu talento
Na sorte e no sentimento
De um padrinho generoso
Mais de seiscentas canções
O Rei compôs com Erasmo
Criou-se com entusiasmo
Uma dupla de emoções
Peritos em criações
De amor, fé e ecologia
Figuram na galeria
Dos menestréis do Brasil
Parceria tão febril
Que engrandece a Poesia