CURIOSIDADES DO RECIFE
CORDEL DO RECIFE
Daniel Bueno
(direitos reservados)
Vou contar neste cordel
Coisas do meu Recife
Pra isso juntei cacife
E me tornei menestrel
Um pesquisador fiel
Do passado e do presente
Desse amor que a gente sente
Pela nossa capital
Polo multicultural
De um povo alegre e decente
“Arrecifes” são rochedos
Que se formam de corais
São muralhas naturais
Que guardam tantos segredos
De um mar envolto de enredos
De mil mistérios e lendas
Onde travamos contendas
Em prol de nossas riquezas
“Recifes” são fortalezas
De pedregulhos e fendas
Recife de clima quente
De sol, de mar, céu azul
Das praias da zona sul
Abarrotadas de gente
Hospitaleiro ambiente
De bem-vindos visitantes
Que chegam de tão distantes
Pra conhecer as belezas
Do centro e das redondezas
Que nunca avistaram antes
Ruas são quase dez mil
Bairros são noventa e quatro
Recife tem o teatro
Mais bonito do Brasil
O Santa Isabel febril
Foi berço da abolição
E palco de aclamação
De onde Joaquim Nabuco
Em nome de Pernambuco
Combateu a escravidão
“Da República” é a praça
Mais antiga da cidade
Um lugar bem à vontade
Bonito e cheio de graça
Sem barulho, sem fumaça
Muito bem arborizada
E além do mais ladeada
De um teatro e dois palácios:
Três monumentos-prefácios
De uma história iluminada
Recife tem de habitantes
Mais de 1 milhão e meio
Como se vê, muito cheio
De nativos e imigrantes
De recifenses marcantes
No cenário brasileiro
Um povo que é pioneiro
No grito de independência
No exemplo de inteligência
Do padre Carapuceiro
O bairro mais populoso
É o de Boa Viagem
Com sua bela paisagem
É um lugar maravilhoso
Que deixa a gente orgulhoso
Da sua modernidade
Já o maior da cidade
Em tamanho é Guabiraba
Que é onde o Recife acaba
E é do norte a extremidade
Não posso esquecer jamais
Do Rio Capibaribe
Nem também do Beberibe
Que desembocam no cais
E os sessenta e seis canais
Cruzando a cidade inteira
O que causa ciumeira
Só porque é conhecida
Chamada por toda a vida
De Veneza Brasileira
Consultando a relação
Dos bairros da capital
Vejo Ibura e Coqueiral
Beberibe e Torreão
Dois Unidos e Fundão
Campo Grande e Cajueiro
Afogados e Cordeiro
Torre e Alto do Mandu
São José e Paissandu
Iputinga e Espinheiro
Conheço a Tamarineira
Várzea, Ilha do Retiro
Já fui à Linha do Tiro
E também à Imbiribeira
Passeei lá na Jaqueira
Que é perto do Rosarinho
Estive no Passarinho
Um bairro perimetral
E um outro só musical:
O Alto José do Pinho
Faço feira no Jordão
Mercado da Madalena
Depois rezo minha novena
No Morro da Conceição
O bairro da devoção
Da fé e da romaria
Onde a imagem de Maria
Protege toda a cidade
E ainda vou na Soledade
Passando por Água Fria
O polo de medicina
Fica na Ilha do Leite
E caso você aceite
Dê uma chegada no Pina
Onde a maré faz piscina
E a peixada é saborosa
Vá em Brasília Teimosa
Desfrutar de um camarão
E beber no calçadão
Água de coco gostosa
Estância se avizinha
De Sancho e Tejipió
Bem pertinho do Totó
Mas longe da Mustardinha
Alto Santa Teresinha
Boa Vista e Encruzilhada
Poço e Ponto de Parada
Mangabeira e Jiquiá
Peixinhos e Caxangá…
Assim não falta mais nada!
Mas é aí que eu me engano:
Pois esqueci do Arruda
Onde o Santa pede ajuda
Pra pai de santo e cigano
Um clube pernambucano
Que orgulhou o Nordeste
Um time cabra da peste
Que hoje só faz perder
Na mata, sertão e agreste
E o bairro dos Aflitos?
É lá que vive o timbu
Um clube que tem tutu
Mas torcedores restritos
E resultados malditos
Sempre no fim da partida
A zaga vira avenida
E o jogo que estava ganho
Até de dizer me acanho
Vira uma luta perdida
O endereço do Sport
É na Ilha do Retiro
Bairro bom que eu admiro
De um time de muita sorte
É verdade, é muito forte
Mas é muito convencido
Esperneia, dá rugido
Marcando seu território
Se queima no purgatório
Mas não se dá por vencido
Bairros também importantes
Da minha capital bela
Eu lembro Casa Amarela
Com seus morros uivantes
Igualmente relevantes
São Dois Irmãos e Curado
Vasco da Gama e o Prado
Graças, Parnamirim
Coelhos e San Martin…
De bairros, tá terminado!
Quando ao Recife vier
Visite o Forte do Brum
Como ele só tem um
Não é um forte qualquer
No mundo não há sequer
Um outro com sua história
De paz, de guerra e de glória
Visite pra você ver
Pra nunca mais esquecer
E conservar na memória
Procure dar um passeio
Na Rua do Bom Jesus
Que já foi Rua da Cruz
Mas hoje é do galanteio
Um lugar que fica cheio
Nos dias de carnaval
Um lindo cartão-postal
Pra se guardar na memória
Uma página da história
Do Recife original
Pra jogar conversa fora
Bater papo e lero-lero
Uma dica é o Marco Zero
Seja lá qual for a hora
Depois da Rua da Aurora
Veja o belo casario
Que só recebe elogio
Principalmente de noite
Quando a brisa faz açoite
Ali na beira do rio
Vá na Casa da Cultura
Onde tem de tudo um pouco
O turista fica louco
Com sua linda estrutura
Que um dia foi linha-dura
Quando era uma prisão
De casa de detenção
Virou centro cultural
Um roteiro habitual
De qualquer programação
Recife dos edifícios
De lindas praças e pontes
De luminárias e fontes
De geniais artifícios
De horizontes propícios
E futuro promissor
Famosa no exterior
Como capital do frevo
Cidade que inspira enlevo
Apologia e louvor
Recife das ruas belas
De modernas avenidas
De entradas, de saídas
Em becos, guetos, vielas
De igreja e de capelas
Monumentos seculares
Hotéis, botecos e bares
Em todo canto espalhados
Feiras livres e mercados
Shopping centers, galerias
Recife das moradias
Mansões e velhos sobrados
Recife tradicional
Do cinema São Luiz
Da Rua da Imperatriz
Do antigo Cine Royal
Do Clube Internacional
Do belo cinema Glória
Um resumo da história
De um Recife inesquecível
De um tempo bom e aprazível
Que nunca sai da memória
Recife do carnaval
Do Galo da madrugada
Do samba e da batucada
Do frevo primordial
Do maracatu rural
Do caboclinho de lança
Pernambucano que dança
Dobradiça e parafuso
Faz o turista confuso
Pinotar que nem criança
Passo a Ponte Limoeiro
Que dá na avenida Norte
Perto do Brum, belo forte
Do Recife aduaneiro
Onde a gente sente o cheiro
Do trigo virando pão
Próximo da Cruz do Patrão
Onde os escravos morriam
De tanto que lhe batiam
No tempo da escravidão
No Recife não há quem
Não elogie suas pontes
Que a cidade tem aos montes
E outras capitais não têm
Gente que nesse vaivém
Cruza a Ponte Giratória
Marco de divisória
No Cais José Mariano
Começo do núcleo urbano
Como aprendi na História
Ponte Princesa Isabel
Boa Vista, ponte linda
Quem não conheceu ainda
Se inspire neste cordel
Me faço de menestrel
Para lhe dar um conselho
Vá à Ponte Duarte Coelho
Na Ponte Velha também
Onde sempre tem alguém
Fazendo do rio, espelho
Capibaribe cantado
Em tantos versos e prosas
Das enchentes dolorosas
Marcas ruins do passado
Hoje no leito, domado
É vassalo sem espumas
Onde também vejo algumas
Canoas de pescadores
Poetas navegadores
Do eterno cão sem plumas
Recife dos torcedores
Alvirrubros, leoninos
De bandeiras, belos hinos
Lindos campos, belas cores
Recife dos tricolores
Da Ilha, Arruda e Aflitos
De três clubes tão bonitos
Amados de coração
Cada um deles campeão
De glórias e grandes mitos
Colégios de tradição
Santa Maria e Marista
O Americano Batista
Vera Cruz, Souza Leão
Colégio de Aplicação
Agnes, Damas, São Luiz
De educação diretriz
Ginásio Pernambucano
Colégio Salesiano
Do quadro negro e do giz
Das ruas, me lembro agora:
Manoel Borba e Soledade
Giriquiti, da Saudade
Palma, Ninfas e Aurora
Riachuelo e da Hora
Velha, Progresso e Aragão
Guararapes e União
Imperatriz e da Praia
Príncipe, Gonçalves Maia
Rio Branco e Conceição
Todas estão na memória:
Dantas Barreto e Rangel
Nova e Princesa Isabel
Primeiro de Março e Glória
Flores, Barão da Vitória
Guia, Sossego e Pilar
Fogo e José de Alencar
Calçadas e Fundição
Sol, Felipe Camarão
E a Conselheiro Aguiar
Ruas, tão saudosas vias
Da Concórdia e do Diário
Madre de Deus e Rosário
Moeda e Henrique Dias
Norte e Duque de Caxias
Hospício, Observatório
Lima e Vigário Tenório
Creoulas e Caxangá
Bom Jesus, Cruz Cabugá
Direita e Joaquim Osório
Ruas de afetividade
De emotividade pura
Como a Rua da Ternura
Rua da Sinceridade
Da Solidariedade
Rua da Compreensão
Rua Regeneração
Ruas do Afeto e Delícia
Felicidade e Carícia
E da Recuperação
E quando amanhece o dia
Eu tomo café e saio
Do Parque Treze de Maio
Faço a minha academia
Para perder caloria
Também ando na Jaqueira
Que é melhor do que esteira
Pra gente manter a forma
Cuidar da saúde é norma
Que se aplica a vida inteira
Este cordel vai continuar…
Criação de Daniel Bueno
Direitos Reservados